sexta-feira, 12 de setembro de 2014

"Quem não tem teto-de-vidro..."

Afinal, de onde vem a tal da fofoca? No dicionário "fofoca" significa: "Ato de querer saber para ir contar a outrem." Não confundam com preocupação, preocupação é o que o seu melhor amigo, sua mãe ou seu pai têm por você. Interesse na sua vida é o que todos aqueles ao seu redor possuem, porque a vida deles não é suficientemente interessante para que eles ofereçam a devida atenção. Mas, o que faz a vida alheia ser alvo da atenção de outras pessoas? Não menciono aqui celebridades ou autoridades, porque essas sim, já sabiam das condições de suas profissões ou status, mesmo que temporários. Falo de nós, meros mortais, que saímos para trabalhar, estudar, nos divertir, socializar. 
O grande problema é esse, levamos a vida normalmente, com nossos problemas, soluções, sem grandes alardes. Por isso, aqueles que são mais reservados, acabam sendo injustamente, assunto preferido da roda dos colegas do trabalho, dos vizinhos e até dos parentes impiedosos. E, se um dia tiverem oportunidade, escutem as difamações, na maioria das vezes, elas são as mesmas vividas pelos difamadores, o famoso "teto- de -vidro".
Michael Foucault, em análise sobre a sociedade disciplinar, tinha como modelo o sistema de vigilância do Panóptico. Não vou me estender quanto a isso, mas basicamente, era o vigiar e punir, utilizado nos sistemas de carceragem e vigilância hierárquica. Seguindo esse paradigma, somos todos prisioneiros ainda da vigilância alheia e o pior, somos punidos por nossos atos e escolhas, sendo que nenhum desses dois afetará a vida dessas pessoas que se posicionam como "carcereiros". 
Parem pra pensar: no quê a escolha do nosso parceiro ou parceira vai influenciar na vida dos nossos vizinhos? E o nosso trabalho, no quê diz respeito àqueles parentes que só nos encontram nas festas de família? De verdade, se não for para acrescentar algo de bom e valioso na nossa vida, seria melhor que essas pessoas nem pensassem sobre nós. Mas, a curiosidade só aumenta e quanto mais cresce, mais dignos e donos da verdade esses inquisidores se acham. 
Esse é um dos motivos pelo qual o ser humano anda descarrilhado na sociedade, não pensamos no bem comum, só em nós mesmos, mas na hora de apontar o defeito no outro, somos os primeiros a nos levantar e dizer, aí sim interessa. E no momento de interiorização, para melhora de si mesmo, não somos nada individualistas.
Tudo isso não explode a cabeça de vocês? Desculpem, mas a minha sim, toda vez que penso em questões simples como essa, que vivenciamos todos os dias, sem nos dar conta do cenário macro que temos como pano de fundo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário