Dia 26 de Outubro de 2014, domingo, dia de votação, segundo turno das eleições. Enfim, vai acabar uma das disputas mais acirradas e atormentadoras do Brasil pela presidência. Daqui há algumas horas vamos saber quem vai comandar por mais quatro anos esse país. E o quê sobrou de nós? Nunca os debates foram tão assistidos e assunto de redes sociais. E nunca tantas amizades foram desfeitas em tão pouco tempo.
Vivemos em tempos de guerra, e não falo aqui de violência nas grandes cidades, mas de questões políticas sendo discutidas incessantemente pela internet que chegaram ao extremo ao atingir as relações pessoais. Já foi observado que as redes sociais causaram enormes estragos em relações amorosas, mas nas amizades, foi a primeira vez em que se viu amigos tratando-se como candidatos de partidos opostos. Afinal, o que mudou das eleições de vinte anos atrás para agora? Antes,debatia-se política, futebol, religião nos bares, agora discute-se no facebook, twitter e afins, o que ganha uma dimensão muito maior. Antes, falávamos com um grupo de quatro ou cinco amigos, agora são mais de 1 milhão de pessoas, visto que até quem não te conhece pode ter acesso ao seu conteúdo publicado, através de compartilhamentos.
Entre os medidores de intenções de voto, as redes sociais entraram com um grande peso nas pesquisas, mas daí a brigar por ideias opostas? A que ponto chegamos? Prezamos pela democracia e liberdade de expressão, mas quando é a vez do outro atiramos pedras? O que quero colocar aqui é que não importa se somos petistas ou tucanos, contra ou a favor da diminuição da maioridade penal, contra ou a favor do aborto. O que importa é que o ser humano é complexo e racional, tem ideias e valores divergentes, sempre teve e o que deve ser levado em consideração é o respeito por cada um. E o que vai fazer a diferença está sim nas nossas mãos no momento de fazer nossas escolha, mas depois disso, está nas mãos deles, aqueles que escolhemos para nos representar e, infelizmente, eles nunca vão nos representar cem porcento, justamente porque temos muitas questões diferentes e ninguém nunca agrada totalmente. E é com essa racionalidade que devemos lidar com as pessoas ao nosso redor, nosso círculo de amigos, nossa família. Somos todos de uma enorme ingenuidade, nossos amigos ao achar que são os mais intelectuais e detentores de conhecimento para fazer a escolha correta, nossos pais por acharem que os anos de vivência os fizeram mais conscientes do que nós. Seria ótimo se pudéssemos juntar o bom de cada um e ter um raciocínio e escolha perfeitos, mas não é assim.
A única coisa que nos une é a esperança de ter algo melhor para cada um de nós e para o país inteiro e se erramos, erramos tentando, mas não vale a pena perder aquilo que cultivamos durante anos, que são as amizades e família, frutos do amor e não de relações políticas. Essas duas vertentes nunca irão funcionar, aquilo que foi consolidado em sentimentos não pode ser medido por números.
Se ainda assim, após o resultado final das eleições, tivermos enfraquecido nossos laços afetivos, então, realmente não há porque se discutir questões humanitárias, o ser humano foi derrotado pela frieza da tecnologia e das causas vazias.













